Estou sentada na janela do meu quarto
com o computador nas pernas, a olhar para o jardim. Senti uma vontade
inconsolável de vir escrever para este lugar. Não sei porque é que este lugar
me chamou mais uma vez a escrever, talvez porque me sinto extremamente confusa,
com os sentimentos todos trocados e com a cabeça uma bagunça, ou também por
este mesmo sítio me acalmar, me trazer boas recordações ao olhar lá para fora,
por este silêncio me fazer pensar e refletir. (…) Observo o jardim, a piscina e
relembro ao pormenor cada momento vivido por mim e por aquelas pessoas que
marcaram definitivamente a minha vida, e o facto é que quando olho para aquele
lugar reparo que metade das pessoas com as quais passei belos momentos, hoje já
nem falo, ou falo muito pouco. E fico triste, ou melhor fico com saudades;
penso “como é possível a minha vida ter mudado tanto em tão pouco tempo?”.
Pois, não obtenho resposta alguma, mas a realidade é que ela mudou, mudou de
uma forma estranha e algumas dessas mudanças foram quase que forçadas por mim
ou pelos demais, porém outras foram acidentais, foram amizades que
(re)começaram em instantes muito inesperados e de forma muito simples, de forma
muito invulgar e nada programada. Sinto-me bem por ter reconquistado certas
amizades, por me ter reaproximado de determinadas pessoas; acho que foi a
decisão mais acertadas quando deixei algumas pessoas sair da minha vida e ter
lutado para que outras permanecessem; e com aquelas pessoas que saíram
definitivamente (ou não) do meu percurso, a que habitualmente chamamos vida, eu
encontrei espaço para novas pessoas, pessoas essas que foram aparecendo de uma
forma ou de outra e que marcaram e marcam diariamente a minha vida, deixei
espaço no meu coração para poder amar novas identidades, para poder ter novas
felicidades, para poder usufruir de novos momentos. (…) Parece que agora a
escrever a confusão que sentia inicialmente desapareceu, que a confusão e as
incertezas me abandonaram e passou a ser tudo tão certo e transparente, que
passou a ser tudo tão óbvio. Escrever conforta-me, lava-me a alma, faz com que
eu exprima tudo o que sinto sem sequer falar, faz com que eu transcreva tudo o
que o meu coração diz, quase como se fosse um ditado que o coração faz ao
cérebro e que este obriga as mãos a escrever. Está aqui mais um desabafo, mais
um pensamento, mais relembrar de momentos e mais um desejo de ter novos
momentos, mais um instante de saudades e ao mesmo tempo mais uma vontade de
conhecer novas pessoas, mais um querer lutar e tentar não cair.
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